segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Convergência Adiada

Texto de Fernando Torres, publicado no Valor Econômico em 21/09/2011


       Um dos principais argumentos usados para justificar o processo de convergência do padrão contábil brasileiro para o modelo internacional IFRS sempre foi a facilidade para comparar os balanços de empresas nacionais com os de estrangeiras.

    Como os investidores internacionais estariam habituados ao padrão, usado em mais de cem países e considerado confiável e de boa qualidade, isso reduziria o custo de capital das companhias.

    Por ora, entretanto, o que se vê é que mesmo entre empresas brasileiras não há uma uniformidade nas práticas contábeis.

    Isso ocorre porque o IFRS é baseado em princípios, e não em regras detalhadas, e também porque ele permite escolhas por parte das empresas.

    Ao exercer seu poder de julgamento sobre qual a melhor forma de reconhecer determinado evento, algumas companhias acabam chegando a conclusões diferentes, o que pode dificultar a comparação simples dos números dos balanços.

    O sócio de auditoria da Ernst & Young Terco Paul Sutcliffe cita, por exemplo, o tratamento que se dá a empréstimos no âmbito do Programa de Sustentação do Investimento do BNDES, com juros próximos de 5% ao ano. Algumas empresas, como Vivo e TIM, consideram isso uma subvenção do governo e, por isso, contabilizam a diferença entre a taxa paga ao banco e a praticada no mercado, bem mais alta, como uma receita na demonstração de resultado. Mas a maior parte das empresas não faz assim.

   Há divergência também na forma de se registrar o pagamento de outorga em contratos de concessão. Algumas empresas colocam o valor devido dentro de uma conta do passivo, como OHL e Ecorodovias, enquanto outras informam o montante apenas em nota explicativa, caso da CCR.

    Entre as administradoras de shopping centers também há práticas distintas para se contabilizar o valor dos empreendimentos imobiliários. Enquanto BR Malls e Sonae Sierra avaliam seus imóveis a preço de mercado, Multiplan, Iguatemi, Aliansce e General o fazem pelo custo. O IFRS permite escolha nesse caso.

      De forma geral, especialistas citam diferenças também em relação a taxas de depreciação de prédios, máquinas e equipamentos usadas pelas empresas e em relação ao método utilizado pelas companhias para apuração do valor justo de ativo biológico, como florestas, plantações e rebanho bovino.

   Ao ser questionado sobre o tema, o diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Alexsandro Broedel disse que considera os casos de divergência de prática como "pontuais". Ele afirmou ainda que não tinha a expectativa de que os balanços ficassem uniformes em todos os aspectos, mas sim de que o nível de transparência fosse o mesmo.

"A maioria das práticas deve convergir com o passar dos anos, mas algumas diferenças devem persistir", avalia o representante do órgão regulador do mercado, para quem isso exigirá uma atenção cada vez maior para as notas explicativas dos balanços.

     Na opinião de Reginaldo Ferreira Alexandre, presidente da regional São Paulo da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec -SP), se a situação é diferente, o julgamento realmente pode mudar de uma empresa para a outra. "As situações podem variar. E se é assim, é importante que haja distinção."

    Nos casos em que um mesmo evento econômico é registrado de forma divergente, Alexandre destaca que o importante é a divulgação. "Aí os analistas podem ver qual prática eles preferem, o que levará a um processo de equilíbrio", diz.

    A divergência de julgamentos dentro do IFRS não ocorre só no Brasil. A forma de cálculo do valor justo dos títulos da dívida grega acaba de gerar polêmica na União Europeia.

     Os bancos alemães e britânicos, como o Royal Bank of Scotland, usaram os preços de mercado para registrar o valor dos papéis, com perda de 50% contra o resultado do período. Na França, bancos como o BNP Paribas julgaram que a liquidez dos papéis caiu tanto que o valor de negociação não seria uma boa referência para o valor justo. Usando modelos internos, eles registraram baixa de 21%.

    Os auditores emitiram parecer sem ressalva nos dois casos, sendo que a Deloitte checa os números do RBS e é uma das três que avalia o balanço do BNP Paribas.

    A divergência levou Hans Hoogervorst, presidente do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (IASB, na sigla em inglês), que é o órgão que emite as regras do IFRS, a escrever uma carta aos reguladores europeus para manifestar sua discordância quanto ao julgamento de que os mercados não estariam líquidos.

    Segundo Amaro Gomes, único brasileiro no conselho do Iasb, o IFRS pede que as empresas divulguem a melhor informação possível dentro do seu julgamento. Apesar de reconhecer que pode haver tratamentos distintos em determinados momentos, ele avalia que a "disciplina de mercado" levará a práticas semelhantes. "Não é a norma que vai resolver, mas a reação do mercado, de analistas, reguladores, auditores e administradores", afirma.

Parecer Normativo RF 1/11 29/07/2011

    Este parecer visa eliminar quaisquer possíveis dúvidas quanto a dedutibilidade dos novos critérios de depreciação societária para fins fiscais, deixando bem claro que os novos critérios societários não surtirão nenhum efeito fiscal, devendo os mesmos seres ajustados via FCont (RTT).

    Recortes do PN RFB 1/11:

    As diferenças no cálculo da depreciação de bens do ativo imobilizado decorrentes do disposto no §3º do art. 183 da lei n. 6.404/76, com as alterações introduzidas pela lei 11.941/09, não terão efeitos para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL da pessoa jurídica sujeita ao RTT, devendo ser considerados, para fins tributários, os métodos e critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007.

  O RTT (Regime Tributário de Transição)  vigerá até a entrada de lei que discipline os efeitos tributários dos novos métodos e critérios contábeis, buscando neutralidade tributária.

 A SRF publicará periodicamente o prazo de vida útil admissível, em condições normais ou médias, para cada espécie de bem, ficando assegurado ao contribuinte o direito de computar a quota efetivamente adequada às condições de depreciação de seus bens, desde que faça a prova dessa adequação quando adotar taxa diferente. (Lei 4.506/64 art. 57)
    
  Outra diferença verificado refere-se ao valor do bem que estará sujeito à aplicaçãod a taxa de depreciação. Na regra tributária, conforme art. 309 do RIR/99, a despesa deve ser calculada mediante a aplicação da taxa de depreciação sobre o custo de aquisição dos bens depreciáveis, portanto, o valor depreciável é igual ao valor do ativo. A regra contábil exige a atribuição de valor residual para o bem, consequentemente, seu valor depreciavel é determinado após a dedução de seu valor residual.
  
   Ressalte-se que o disposto no art. 16 da Lei 11.941/09, corrobora (confirma) o entendimento de que se deve buscar a neutralidade tributária durante o período de sujeição ao RTT, seja ele facultativo ou obrigatório.

  Conclusão:
     As diferenças no cálculo da depreciação de bens do ativo imobilizado decorrentes do disposto no §3 do art. 183 da lei 6.404/76, com as alterações introduzidas pela Lei 11.638/07 e pela lei 11.941/09, não terão efeitos para fins de apuração do Lucro Real e da base de cálculo da CSLL da pessoa jurídica sujeita ao RTT, devendo ser considerados, para fins tributários, os métodos e critérios contábeis vigentes em 31/12/2007.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

LEXML Receita e Senado integram portais de pesquisa à informações jurídico-tributárias

Receita e Senado integram portais de pesquisa à informações jurídico-tributárias
A Receita Federal do Brasil (RFB) e o Senado Federal integraram os sistemas que permitem consulta à informação jurídico-tributária. A partir de agora, os atos constantes doSistema de Informações Jurídico-Tributárias (Sijut) da Receita poderão ser acessados por meio do Portal LexML que integra informação jurídica e legislativa de vários órgãos do governo e está disponível na página inicial do sítio da RFB.

A ferramenta reune leis, decretos, atos infralegais, acórdãos, súmulas, e outros documentos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da União, Estados e Municípios. O acervo conta atualmente com 2,5 milhões de documentos.
Já podem ser acessados pelo LexML mais de 5.000 atos publicados pela RFB, pelo CGREFIS (Comitê Gestor do Programa de Recuperação Fiscal) e pelo CGSN (Comitê Gestor do Simples Nacional).

Segundo Carlos Alberto Freitas Barreto, secretário da Receita Federal, “a integração é um passo importante no processo de facilitação do acesso à informação jurídico-tributária pelo contribuinte”.
Para Cláudia Nogueira, diretora da secretaria especial de informática do Senado Federal: “A informação jurídica só é completa quando verificados também os atos infralegais e a nova ferramenta tem esse objetivo”.

Acesso ao LexML: http://www.lexml.gov.br/

terça-feira, 30 de agosto de 2011

O que o empresário deve cobrar de seu contador!

CRC-SP lanca um livro para auxiliar os empresarios e contadores sobre a abrangencia dos servicos contabeis, com foco nas obrigacoes acessorias.

Não existe coisa mais frustrante para qualquer profissional honesto que ser nivelado e comparado com aquele que só tenta tirar vantagem sobre o empresário, seu cliente.
Tudo que você fala soa como uma trapaça. Não poucos acham que pagam para você não fazer nada ou que quanto menos você fizer, melhor. Muitos atendem que suas orientações visam basicamente o lucro, não o cumprimento de uma obrigação legal. Se um novo cliente e, portanto, ainda desconhecido por uma fiscalização ou notificação, descobrir que você não cumpriu alguma obrigação acessória, a guerra começa. O mais comum, porém, é todos considerarem sua estimativa de honorários absurda, por compará-la a de outros que, certamente compensam o baixo valor cobrado sujeitando o cliente a multas e fiscalizações desnecessárias.
Esse trabalho pretende facilitar o entendimento de todos, principalmente do empresário que imagina as microempresas isentas de qualquer obrigação.

Não da experiência de outros colegas de profissão, mas muitas vezes, o cliente mais difícil é aquele que se julga quase imune a todas as obrigações e, portanto, administra sua documentação à sua conveniência, sem facilitar ao mínimo o trabalho do contador.
Dada a freqüência dessas situações, nosso conselho resolveu editar um livreto que lista e explica as obrigações básicas exigidas da maioria das empresas, os quais nós, contadores, por conseqüência, devemos atender.

Grande parcela desses 56 itens não se refere a impostos, mas a obrigações acessórias, como declarações e livros fiscais, portanto , desconhecidos da maioria que devem ser entregues periodicamente e podem ou não ter sido fiscalizados durante um certo período.
Vale comentar que o tempo deixou de ser aliado, pois a maioria das obrigações é processada eletronicamente. Isso facilita o trabalho das autoridades que, hoje em dia, fiscalizam as exceções identificadas pelo controle eletrônico, a famosa malha fina.
É importantíssimo ressaltar que grande parte desses itens serão necessários para o encerramento da empresa e respectivas baixas nos órgãos competentes. Portanto, sua elaboração e guarda se fazem imprescindíveis mesmo com a empresa inativa. Alguns deles, como os relativos às áreas trabalhista e previdenciária, devem ser mantidos quase eternamente.
Quadro Sinótico de Obrigações das Pessoas Jurídicas e Equiparadas:

1. Estatuto ou Contrato Social

2. Contabilidade

3. Balanço

4. Livro Diário

5. Livro Razão

6. Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda das Pessoas Físicas

7. DIRF

8. Imposto de Renda Retido na Fonte

9. Livro de Inspeção do Trabalho

10. Livro de Registro de Empregados

11. Folha de Pagamentos

12. GPS

13. GFIP

14. GRFP

15. CAGED

16. Rais

17. Contribuição Sindical

18. Contribuição Confederativa

19. Contribuição Assistencial

20. Contribuição Associativa

21. NR-7

22. NR-9

23. Informes de Rendimentos das Pessoas Físicas

24. Informes de Rendimentos das Pessoas Jurídicas

25. DIPJ

26. Lalur

27. Imposto de Renda - PJ

28. CSLL 29. PIS sobre o Faturamento

30.PIS sobre a Folha de Pagamento

31. Cofins

32. DCTF

33. Simples Federal

34. Rubrica no Balanço

35. DIPI

36. Livro de Registro de Apuração do IPI

37. Livro de Registro de Entradas (IPI)

38. Livro de Registro de Saídas (IPI)

39. Livro de Registro e Controle da Produção e do Estoque

40. IPI

41. Guia de Apuração Mensal

42. Livro de Apuração do ICMS

43. Livro de Registro de Entradas(ICMS)

44. Livro de Registro de Saídas (ICMS)

45. ICMS

46. ICMS em Substituição Tributária

47. Guia de Apuração Anual - Simples Paulista

48. Livro de Registro de Inventário

49. Autorização de Impressão de Documentos Fiscais (estadual)

50. Livro Modelo 6

51. Livro de Registro Modelos 51 e 53

52. Livro Termo de Ocorrência

53. ISS

54. Autorização de Impressão de Documentos Fiscais (municipal)

55. ISS Simples

56. Livro Caixa


Fonte: Guia do usuário dos serviços prestados pelos contabilistas. CRC-SP

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

RESENHA: NÃO É SORTE (E. GOLDRATT)


 Mais uma ótima obra do físico Eliyahu Goldratt. Neste livro o autor mora a Teoria das Restrições aplicada a vendas e marketingm, estratégia, controle de estoques e distribuição, por meio de exemplos em várias indústrias, e ensina os processos de raciocínio utilizados na solução de diversos problemas. Com o conceito de criação de árvores de realidade presente e arvores de realidade futura, força o planejamento estratégico com foco na percepção de valor por parte do cliente. Explorar as reais necessidades dos clientes, tendo o lucro como consequência.
 A forte crítica à contabilidade de custos formal continua presente nesta obra, destaco o trecho abaixo:
"A redução do estoque de produtos acabados tem um impacto negativo a curto prazo no resultado final.
 Mantemos os estoques em nossos livros ao preço de custo; custo calculado pela contabilidade de custos. Isto signiica que o estoque de produtos acabados não está registrado como o custo da matéria-prima, mas com o custo da matéia-prima mais o valor agregado; mão-de-obra e custos indiretos. Durante o período que reduzirmos o estoque de produtos acabados, todo o valor agregado na parte que reduzimos atinge o resultado final como perda..
(...)
Claro que isso é apenas dinheiro imaginário, distirções da contabilidade de custos; mais tarde será mais que compensado por dinheiro real, penas economias reais advindas de menos obsolescência e também, espero, pelo aumento das vendas."

   "É preciso ter um método para liberar, focar e criticar sua intuição, se você quiser encontrar soluções simples e práticas. Até que as ligações de causa e efeito estejam estabelecidas, nós não temos um quadro suficientemente claro da situação; você percebe que não precisa lidar com muitos problemas porque na raiz há apenas uma ou duas causas."

  "Geralmente o número que aparece nos livros é algum valor histórico que não tem nada a ver com o valor corrente."

 "A percepção de valor das empresas está baseada no esforço que tiveram de dedicar ao produto, enquanto a percepção de valor do mercado é baseada nos benefícios obtidos com o uso do produto. Não é de admirar que o preço seja definido por uma queda de braço; não há critérios ojetivos estabelecidos."

 "Se quisermos uma solução de marketing para nossa empresa não devemos analisar nossa empresa, devemos analisar o mercado da empresa; todos conhecem seus efeitos indesejáveis, mas poucos conhecem seu probelma-raiz. Se quisermos oferecer muitos benefícios para o mercado, é melhor que tratemos do seu problema-raiz, não de seus sintomas, como todo mundo está fazendo.

"Sempre começe com um passo que as pessoas sejam especialistas em dar. E todos somos especialistas em criar situações difíceis e reclamar. Em outras palavras, em inventar todas as razões para que algo não possa ser feito, ou seja, em levantar obstáculos.

"Tentar prever o mercado é como tentar capturar o vento."

segunda-feira, 18 de julho de 2011

RESENHA: CONTABILIDADE GERENCIAL (P1)


 Excelente obra, traçando um histórico dos grandes modelos de gestão implantados nas ultimas décadas, no mundo ocidental e oriental. com foco em exemplos do mundo real. Recomendo esta obra como complemento de estudos, por tratar-se de um compêndio que embasa a necessidade de informação sob o foco da tomada de decisão, em complemento às características técnicas que se aprende fortemente em graduações.

   (...)
     Tradicionalmente, a informação contábil gerencial tem sido financeira, isto é, denominada em uma moeda como dólar, euro ou real. Entretanto, recentemente, a informação contábil gerencial expandiu-se para envolver a informação operacional ou física (não financeira), como qualidade e tempos de processos, bem como uma informação mais subjetiva, como mensuração da satisfação do cliente, capacidade do funcionário e desempenho de novos produtos.
     As empresas que verdadeiramente delegam decisões aos funcionários os encorajam a solucionar problemas e a adotar novas abordagens na execução do trabalho e na satisfação dos clientes. Entretanto, para implementar tais melhorias, os funcionários não podem seguir estritamente os padrões predeterminados por engenheiros e administradores. Ao contrário, necessitam de liberdade para tentar soluções destinadas a sanar as causas de origem dos defeitos. Também necessitam de informação para:
  a) Identificar a fonte a as prováveis causas dos defeitos;
  b) Ver imediatamente as consequencias das tentativas de solucionar as causas dos defeitos.

  As perspectivas dos cliente e do processo empresarial interno do balanced scorecard ajudam a especificar os atributos do produto, do serviço e dos relacionamentos que os clientes valorizam e que se espera que levem às vendas no futuro. A perspectiva de apredizagem e crescimento destaca como os investimentos em funcionários e sistemas podem melhorar o desempenho dos clientes e do processo empresarial interno.
 
    Fornecendo Feedback. As medidas de desempenho devem ser compreensíveis e estar de acordo com as necessidades das pessoas que dirigem as atividades da organização. Um programa eficaz de mensuração de desempenho ajudará as pessoas que gerenciam a cadeia de valor a identificar os problemas e sujerir as soluções. Esse atributo reflete a natureza do propósito da mensuração de desempenho em avaliar as operações e fornecer uma orientação significativa para sua melhoria.

    O problema com base dos padrões de desempenho, potenciais ou passados, é que não transmitem um sentido de urgência. Não refletem o que está ocorrendo no ambiente externo da organização, particularmente em relação ao que os concorrentes estão realizando. Geralmente, esses padrões internos têm a pretensão de encorajar as pessoas a trabalhar mais ou com maior rapidez do que com mais inteligência.
 
  Se houver muita volatilidade dos produtos ou dos processos de produção, os padrões precisam ser frequentemente alterados, o que requer muito esforço organizacional.
  Quando a necessidade estratégica da organização for focar sua atenção na inovação constante que antecipa as exigências dos clientes, a preocupação em atender aos padrões atuais ou passados pode, de fato, ser prejudicial ao desempenho organizacional.

domingo, 26 de junho de 2011

RESENHA: LIDERANDO MUDANÇA (KOTTER)


   Excelente obra que introduz a importância da liderança empresarial, sendo esta diferente do gerenciamento propriamente dito. Analisa modelos antigos e tendências futuras, com foco em permitir maior delegação de tarefas.
   A história simplesmente não nos preparou para os desafios de transformação.
  A urgência não é problema daqueles que, durante toda a sua vida, foram ensinados a simplesmente manter o sistema atual funcionando como um relógio suiço.
 A transformação requer sacrifício, dedicação e criatividade, e nada disso surge com coerção.
 Autênticos líderes geram crises artificiais para tirar as pessoas da zona de conforto, em vez de esperar que uma crise real aconteça.
  A viabilidade também significa que uma visão está baseada em uma compreensão clara e racional da organização, de seu mercado e das tendências da concorrência. É aí que a estratégia desempenha uma função importante. Ela fornece uma lógica e detalhes de primeiro nível para mostrar como uma visão pode ser executada.
  Nossas mentes são muito desorganizadas, e qualquer comunicação tem de lutar com centenas de outras idéias para obter atenção.
  Uma análise mais avançada também mostra que os sistemas de informações gerenciais não mudaram muito para ajudar a transformação; da mesma forma que o processo de planejamento estratégico, que ainda se concentra demais em informações financeiras de curto prazo e muito pouco em análises de mercado/concorrência.
    Muitas forças podem paralisar o processo bem perto da linha de chegada: a rotatividade dos agentes-chave de transformação, exaustão completa por parte dos líderes, má sorte.
   Até que as práticas de mudança atinjam um novo equilíbrio e tenham sido absorvidas pela cultura, elas podem ser muito frágeis. Três anos de trabalho podem se desfazer com uma rapidez impressionante.
  Com exceção de alguns monopólios, as organizações hoje não podem patrocinar grandes estoques.
  Poucas coisas na organização se movem com facilidade, porque praticamente cada elemento está conectado a muitos outros.
   Ao mudar o planejamento estratégico, você descobre que também tem de alterar programas de treinamento, modificar sistemas de informação, aumentar ou diminuir o quadro de funcionários e introduzir novos sistemas de avaliação de desempenho.
  Todas organizações têm algumas interdependências desnecessárias que são produto do passado em vez da realidade atual.
  A cultura da organização só muda depois que você tiver alterado com sucesso as as ações das pessoas, depois que o novo comportamento produzir alguma vantagem grupal por algum tempo e depois que as pessoas perceberem a conexão entre as novas ações e a melhoria de desempenho.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

EMBONECAR BALANÇOS

Vice-Presidente de Controladoria de banco provoca os Vices de outras áreas dizendo: “Quem faz o lucro do banco sou eu!” Está provado que essa anedota de contador é verdade!
Fernando Torres (Valor, 05/05/2011) mostra que os lucros dos principais bancos do país poderiam ter sido 25% maiores em 2009, com diferença positiva de R$ 8,7 bilhões, caso as instituições financeiras tivessem adotado oficialmente o Padrão Internacional de Contabilidade, conhecido como IFRS, a partir daquele ano. Em 2010, o ganho teria sido 4% maior que o publicado.
O patrimônio líquido desse grupo de bancos ficou 9% maior no sistema internacional, somando R$ 284,6 bilhões ao fim de 2010, enquanto os ativos totais recuaram 1,5%, a R$ 3,21 trilhões. Os números se referem apenas aos dez maiores por ativos que apresentaram o lucro comparativo de 2009 em IFRS.
Por decisão do Banco Central, e ao contrário do que ocorreu para as companhias abertas não financeiras, os bancos não adotaram o modelo internacional de forma oficial. A divulgação do balanço em IFRS é apenas uma obrigação adicional para as instituições de capital aberto ou que sejam obrigadas a ter Comitê de Auditoria devido ao seu porte.
Diversas normas do IFRS, usadas em mais de cem países, incluindo aqueles da União Europeia, diferem da prática contábil determinada pelo Banco Central. Mas a regra que “chamou mais atenção” em termos quantitativos e de frequência entre os grandes bancos foi o tratamento dado às provisões para perdas com empréstimos.
Seguindo as normas do Banco Central e seus próprios critérios prudenciais, os bancos locais fizeram provisões ao longo de 2009 em valores superiores às perdas realmente registradas. Ao apresentar os número em IFRS, esse “excesso de prudência” é revertido, com impacto positivo no lucro, algo que ocorreu para Banco do Brasil, Itaú Unibanco e Bradesco, os três principais do país.
No padrão brasileiro, os bancos usam uma tabela de risco do BC e também fazem provisões voluntárias, na medida em que preveem que no futuro haverá deterioração na carteira de crédito. Quando a perda realmente ocorre, a reserva bancária para absorvê-la já está no balanço contábil. Se a inadimplência não aumenta como o esperado, os bancos podem reverter provisões ou usar a reserva feita com antecedência para cobrir novas operações de crédito geradas. Pelo IFRS, só se registra uma baixa no valor da carteira de empréstimo quando a inadimplência efetivamente ocorre, o que é chamado de perda incorrida.
Antes do estouro da crise financeira internacional, esse tipo de comparação entre os padrões contábeis levava à conclusão ligeira de que “o sistema brasileiro era excessivamente conservador, com a possibilidade de sacrificar dividendos que pertenceriam aos acionistas”. Na verdade, aí estava “o pulo do gato”: o contador fazia excesso de provisões para “esconder lucro”, isto é, para não pagar muito dividendo para os acionistas (no caso de bancos públicos federais o acionista majoritário é o Tesouro Nacional) e se capitalizar. Quando o balanço não aparecia tão “bonito”, revertia as provisões em lucro, “embonecando-o”.
Os efeitos da crise mundial de 2008 foram fortes o suficiente para mudar a lógica tanto do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb), que emite as IFRS, como do Fasb, seu similar norte-americano, responsável pelo padrão americano US Gaap. Os dois órgãos trabalham para adotar uma norma conjunta que deve mudar o sistema para perda esperada. Esse modelo ficará mais próximo ao usado no Brasil, ainda que sem a tabela padrão do Banco Central. No novo modelo do Iasb, cada entidade vai ter que desenvolver sua própria expectativa de perda, em espécie de autorregulação.
Outra diferença relevante entre os dois sistemas contábeis se refere à amortização do ágio, que não existe no IFRS. Ele teve efeito drástico nos números contábeis do Santander, que já usa o IFRS como referência, inclusive para pagamento de dividendos. Mas caso outros bancos brasileiros façam aquisições relevantes, onde paguem muito ágio, isso valerá também para eles.
Embora o tratamento dado a obrigações legais seja diferente no IFRS, apenas bancos como HSBC e Citibank decidiram mudar a forma de fazer o registro. Pela regra do Banco Central do Brasil, se existe uma lei exigindo o pagamento de um tributo por determinada alíquota, por exemplo, isso é obrigação legal e esse passivo deve ser registrado, ainda que haja contestação na Justiça e que o banco considere que as chances de ganhar são grandes ou prováveis. Pela regra internacional, o banco não precisa registrar o passivo se considera provável que vencerá a causa.
Outra permissão do IFRS que não foi usada amplamente é a possibilidade de reconhecer créditos fiscais com prazo de realização maior que dez anos.
Outra revelação interessante que se obteve com o uso do IFRS, refere-se aos pequenos e médios bancos. O BMG constatou seus ativos totais saltarem 132% ao fim de 2010, para R$ 26,6 bilhões, ao mesmo tempo em que seu patrimônio líquido caiu pela metade, para R$ 1,2 bilhão. A relação entre ativos e patrimônio fica em 22 vezes por esse critério. Nas regras do Banco Central do Brasil, o BMG, fechou o ano de 2010 com ativos de R$ 11,4 bilhões, para patrimônio de R$ 2,3 bilhões, com uma relação de 4,9 vezes.

A explicação por trás da mudança está no tratamento contábil das cessões de crédito, em que o banco que origina o empréstimo repassa a carteira para outra instituição financeira ou para fundos de recebíveis. A regra do Banco Central atualmente em vigor permite que créditos cedidos com coobrigação em caso de inadimplência ou com retenção de riscos e benefícios sejam retirados do balanço do banco vendedor, com o ganho sendo registrado todo de forma imediata, o que expande o patrimônio líquido.
No IFRS, as carteiras vendidas nessas condições voltam para o balanço e o resultado obtido com a cessão é reconhecido ao longo do vencimento do contrato. Por causa dessa diferença, o lucro do BMG caiu 58% na comparação entre o modelo brasileiro e o internacional.
Ainda que a transição dos bancos para o IFRS ocorra de forma gradual, a regra específica que trata de cessão de carteira já tem data marcada para entrar em vigor, que é o começo de 2012.
Bastante ativo em cessão de carteira, por exemplo, o Banco PanAmericano ainda não divulgou seus demonstrativos em IFRS. Será que ele terá condições de divulgá-los?
Fonte: fernandonogueiracosta.wordpress.com

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Questionamentos Contabilidade Gerencial

1-1: Por que operadores/funcionários, gerentes intermediários e altos executivos têm necessidades diferentes de informação?
  Cada componente humano da organização precisa de informações que sejam capazes de medir seu desempenho pessoal e de seus subordinados. Obviamente as pessoas ligadas à operação precisam de informações mais detalhadas sobre processos internos e o modo de fazê-los de forma mais eficaz; já altos executivos precisam de informações vista de um ponto mais alto, ou seja, saindo da operação e entrando na estratégia e análise setorizada e/ou global de resultados.
 Por exemplo, um gerente de uma unidade local precisa saber a rentabilidade, custos, rotatividade, etc., de sua unidade. Já um gerente global precisa analisar as informações de cada unidade, para isto não precisa entrar no nível de detalhamento que o gerente local necessita. O setor de cobrança de uma empresa precisa saber o nome de cada devedor inadimplente, já o gerente geral precisa saber apenas o índice de inadimplência.

1-2: Como o papel dos sistemas de contabilidade gerencial muda à medida que o ambiente torna-se mais competitivo?
Com o ambiente mais competitivo, as empresas precisam conhecer eficazmente seus custos internos de operação, analisar forças, ameaças e oportunidades. Para se ter uma base de dados para as análises eficientes sobre viabilidade e decisões estratégicas depende-se de dados que só a contabilidade gerencial pode fornecer. Esta utilizando dados históricos, mapeia a empresa e direciona suas análises para o futuro.

1-3: Qual o impacto da mudança do papel da informação contábil de controlar trabalhadores e operadores para informar as atividades de melhoria contínua desses funcionários e operadores?
   Como diz o ditado: “diga-me como me mede e te direi como irei me comportar”, é importante a empresa possuir sistemas de medições que permitam que cada colaborador tenha acesso ao seu desempenho, optando por conta própria melhorar seus índices pessoais. Isto inclui uma forte mudança política cultural na organização, o desempenho do colaborador e sua evolução precisam de índices para serem controlados, e  mais do que controlar o empregado, cabe desenvolver incentivos de liderança e melhora contínua.

1-4: Por que os altos executivos necessitam de medidas, além das financeiras para avaliarem o desempenho de suas empresas em período mais recente?
Hoje um DRE (Demonstrativo de Resultado do Exercicio) mostra a receita adquirida (dado financeiro) podendo ser combinada com a informação não financeira de número de clientes atendidos. Porém como mensurar as vendas perdidas? Quantos clientes entraram na minha loja, consumiram custos (tempo de atendimento dos funcionários) e não geraram faturamento, eles não aparecem no DRE. Com a concorrência acirrada, principalmente se a estratégia da empresa for por diferenciação, acompanhar e desenvolver medidas não financeiras serão essenciais para a perpetuidade da empresa.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Publicação das Demonstrações Financeiras

Adoção de IFRS eleva gastos com divulgação de balanços nos jornais e reacende a polêmica sobre a publicidade obrigatória


Em 2010, foram oito páginas de demonstrações financeiras publicadas no Diário Oficial do Estado de São Paulo e outras quatro e meia veiculadas no jornal paulista Diário do Comércio referentes ao exercício 2009. Este ano, o espaço ocupado pelo balanço da Duratex dobrou nos dois jornais: 16,5 e 9 páginas, respectivamente. Os custos de veiculação do material subiram 117%, para R$ 495 mil. Por trás da mudança de patamar dos gastos está uma novidade chamada International Financial Reporting Standards (IFRS). O padrão internacional de contabilidade, traduzido no Brasil pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e regulamentado pela CVM, passou a ser adotado integralmente a partir dos balanços encerrados em 2010. Gerou documentos mais robustos quando se trata de prestar informações e justificar a mensuração de ativos e passivos. Mas também mais extensos e caros na hora de publicá-los na imprensa.

Na Duratex, dois itens em especial consumiram mais tinta e papel. Para fabricar pisos laminados de madeira, uma de suas principais linhas de negócio, a companhia mantém florestas. Classificadas como ativos biológicos, as plantações de pinheiros e eucaliptos passaram a ser contabilizadas por seu valor justo no momento da colheita descontado do custo de produção, como manda o pronunciamento CPC 29, e não mais simplesmente pelo custo. A companhia teve de apresentar todos os critérios e premissas adotados no novo método de calcular o valor das florestas, inchando a seção de “notas explicativas”. A incorporação da Duratex pela Satipel (que passou a levar o nome da primeira), feita em 2009, também exigiu explicações detalhadas sobre o valor justo de todos os ativos adquiridos e sobre o ágio pago por expectativa de rentabilidade futura (o chamado goodwill).

Outra que dobrou as despesas com publicidade legal foi a Eucatex, do mesmo setor de atuação da Duratex. Seu balanço saiu da média de duas páginas de jornal até o exercício 2009 para quatro, no último ano. Na Luz Publicidade, a maior agência do ramo, a projeção é de que os balanços relativos a 2010 preencham, em média, 20% mais espaço nos jornais. O mesmo percentual é previsto pela agência Pefran.

Previsões à parte, o incremento da extensão dos balanços é evidente. No dia 29 de março, o jornal Valor Econômico, um dos mais usados pelas companhias abertas para a divulgação de demonstrações financeiras, circulou com uma edição de 316 páginas, das quais 274 eram de publicidade. Essa foi a maior edição já publicada pelo veículo.


A marca anterior era de um total de 284 páginas, de fevereiro do ano passado. “Esse recorde deve-se exclusivamente à publicação dos balanços e ao aumento de suas páginas em função dos IFRS”, confirma Andréa Flores da Silva, diretora de publicidade legal e mercado de capitais do Valor.

DISCUSSÃO RETOMADA — Ninguém duvida da melhora da qualidade de informações contábeis proporcionada pelo IFRS. Mas sobram queixas quanto à obrigatoriedade de publicação dos balanços em veículos impressos. A discussão é velha, mas volta a incomodar com a elevação de seus custos, especialmente porque não há, para os anunciantes, ganhos proporcionais aos desembolsos feitos com a publicidade legal.

A impressão obrigatória dos balanços está prevista na Lei das S.As. A legislação determina que as demonstrações financeiras anuais das companhias de capital aberto sejam publicadas não apenas em jornal de grande circulação, mas também em um veículo da imprensa oficial (diários oficiais dos estados ou da União). No caso da Duratex, os R$ 495 mil gastos neste ano representam, fora as despesas com salários, 43% da verba anual de R$ 1,150 milhão da área de relações com investidores (RI).

Há dúvidas na empresa sobre a eficiência da publicidade legal e seu poder de alcance entre os interessados nesse conteúdo. “Com as reuniões Apimec que faremos em seis cidades neste ano gastaremos R$ 150 mil e atingiremos os principais analistas que acompanham a empresa”, compara Flavio Donatelli, diretor financeiro e de relações com investidores (RI) da companhia. A veiculação do balanço nos jornais também é inútil para atingir a parcela de acionistas que fica fora do País. “Do nosso free float, 60% são investidores estrangeiros que leem os resultados em inglês, através da internet”, argumenta. Outros profissionais demonstram a mesma insatisfação. “É um custo cujo retorno não é mensurável. Quantos road shows eu poderia fazer com essa verba?”, questiona uma diretora de RI. Na empresa dessa executiva, o tamanho do balanço também dobrou no último ano. “Precisamos rever a regra”, defende.

A mais recente tentativa de flexibilização das regras sobre publicidade legal foi feita durante a tramitação do projeto que resultou na Lei 11.638/2008 e alterou a Lei das S.As. Na proposta, foram discutidas, além da adoção das regras internacionais de contabilidade, possíveis mudanças no regime de divulgação de resultados anuais. A primeira parte, apesar da complexidade técnica, foi aprovada com louvor. Já o segundo ponto foi responsável pelo encalhe do projeto no Congresso Nacional durante quase uma década.

Inicialmente, cogitou-se desonerar as companhias abertas da publicação dos balanços, permitindo que fosse usada somente a internet para essa divulgação. Com a resistência do setor de mídia, migrou-se para uma proposta intermediária, que previa a publicação de uma versão condensada dos balanços nos jornais e a íntegra na internet. Como nem assim o projeto caminhou, e a necessidade de adoção das novas normas contábeis era cada vez maior, o plano de dispensar a publicação nos jornais sumiu da pauta.

PESO LEGAL — Do ponto de vista das companhias, é difícil justificar a utilidade de gastos tão elevados com a publicação de seus números em meio impresso, já que o universo de interessados tem acesso a eles pela internet. Para os jornais, o interesse é mais claro. A publicidade legal representa importante fonte de receitas. Há ainda uma razão jurídica para o uso da mídia impressa, principalmente dos veículos oficiais. Em seu livro Comentários à Lei de Sociedades Anônimas, o advogado Modesto Carvalhosa, tradicional defensor do modelo vigente, argumenta que a divulgação em diários oficiais tem a função de “estabelecer a presunção legal do conhecimento por terceiros”.

O modelo brasileiro de publicidade legal não é único. No nosso caso, é uma herança histórica. Países como França, Espanha e Portugal também obrigam a publicação de balanços em jornal. “O mundo ibérico é muito cartorial”, observa Marcos Monteiro, diretor-presidente da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. Na América Latina, o mesmo é exigido pelos vizinhos mexicanos, argentinos e chilenos. Nos Estados Unidos, de cultura anglo-saxônica, não existe essa imposição.

 
Como não dá para mudar o passado, e alterar o futuro dependeria de uma suada alteração da legislação societária, resta às companhias conviver da melhor forma com o regime atual. Para as que estão em São Paulo, uma notícia pode amenizar os ânimos. A imprensa oficial paulista, que hoje cobra R$ 184 por centímetro de coluna para a veiculação de publicidade legal, reduzirá a tabela de preços em 2012. “Este ano não reajustamos os preços, e posso dizer que, no ano que vem, com certeza o valor será menor”, assegura Monteiro. A nova política é resultado de uma orientação do governo paulista para que o faturamento do diário oficialdo estado se aproxime do seu custo operacional.


Fonte: Por Yuki Yokoi, para a Revista Capital Aberto

Resenha: Corrente Critica (Goldratt)

    
  Esta obra busca fazer com o Gerenciamento de Projetos, o que a obra A Meta fez com a produção industrial, dismistificar os fantasmas do comodismo e mostrar que os "axiomas" aplicados ao gerenciamento de projetos estão longes de serem verdades universais.
  Apontamos os maiores problemas/vicios da gerência de projetos:
 a) Síndrome do Estudante: sempre que consegue-se um alongamento de prazo é comum as pessoas se acomodarem nesta "folga" e iniciarem o trabalho mais tarde;
 b) Multitarefas: a realização de tarefas concomitantes faz o foco dissipar-se;
 c) Falta de Otimização do Caminho Crítico: com a relação de interdependencia entre as partes, precisa-se verificar o recurso escasso para omitizar o projeto com a exploração e priorização do caminho crítico.


   A Corrente Crítica, além de levar em consideração a dependência de recursos, também resolve diversos outros problemas inerentes aos métodos tradicionais, através da:
1) Aplicação correta de segurança contra atrasos, através do uso de pulmões/buffers (que não são "gorduras"), nos locais onde serão mais úteis e compartilhados pelas tarefas mais críticas, oferecendo elasticidade (resiliência), aproveitando adiantamentos e suportando atrasos


2) Decisão sistemática pelo início "mais tarde" das tarefas (ao contrário da preferência popular pelo início "mais cedo"), evitando o efeito "Big Bang" nos projetos e desafiando a noção de que "quanto mais cedo começarmos, mais cedo terminaremos"


3) Motivação correta para a estimativa precisa e relato confiável de progresso, eliminando datas de início e de término das tarefas (sempre que possível) e reportando progresso baseado em duração restante, e não em porcentagem


4) Eliminação da multitarefa, o que melhora significativamente o foco e a qualidade e reduz drasticamente a duração das tarefas


5) Gestão dinâmica dos pulmões, o que fornece um sistema simples e objetivo para orientar o Gerente do Projeto sobre o que fazer, além de fornecer um indicador histórico para a melhoria contínua


6) Escalonagem de projetos através de um recurso "tambor" (pessoa, local, departamento, etc.), em ambientes multiprojetos, proporcionando maior vazão global e um foco para controle e priorização


  
   Assim como em uma corrente, a empresa é tão forte quanto o seu elo mais fraco. Logo, se quisermos melhorar o desempenho do sistema, precisamos conhecer sua principal restrição e atuar nela, de forma a promover um processo de melhoria contínua. (A Meta, Eliyahu Goldratt).


   De forma simples, podemos dizer que Corrente Crítica (Critical Chain / Critical Chain Project Management), é a aplicação da Teoria das Restrições ao ambiente de projetos. Tem como objetivo a melhora de desempenho de projetos desafiando as premissas existentes na forma tradicional de planejar e controlar cronogramas.


No planejamento tradicional, verificamos que tende-se a incluir uma margem ou reserva (segurança) ao final de cada atividade, para suprir eventos de riscos não previstos ou mal dimensionados. Esta é a tendência de superestimar (tempo, custo, …) deve-se também à estabilidade emocional e nível de conforto desejados pelo executor da atividade.


A Corrente Crítica entra exatamente na mudança de paradigma, sugerindo que se planeje as atividades estimando suas durações de forma agressiva, reduzindo o tempo, mas de forma que seja factível, para cada atividade do cronograma.

Mas onde colocaremos os tempos estimados que comporão a margem de segurança?


Será colocado um tempo ao final do cronograma, que geralmente é uma estimativa baseada na média da duração das tarefas. Assim consegue-se uma redução em torno de 50% da estimativa original do cronograma. Esta margem de segurança é chamada de “pulmão”.
O que podemos perceber nitidamente é que o uso do método da Corrente crítica, aumenta-se o controle das atividades, mas para isso, deve-se existir na organização um histórico dos reais tempos de atividades idênticas de projetos anteriores. Assim, poderemos chegar em uma estimativa mais perto do real.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Ensino de Contabilidade se adapta às mudanças da profissão

Cursos de Ciências Contábeis passaram por modificações visando à formação de contadores com um novo perfil



Texto de Fernando Soares- JornaldoComercio.com - 16/03/2011

As mudanças estruturais e tecnológicas vividas pela contabilidade nos últimos anos começam a surtir efeito na área acadêmica e, consequentemente, na formação de novos profissionais. A adoção das normas internacionais, suplantando o modelo vigente anteriormente e a influência da Tecnologia da Informação (TI), através de elementos como o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) Contábil e Fiscal, são alguns dos fatores que influenciaram a criação de novas diretrizes nos cursos de graduação e pós-graduação.
O tempo em que o contador era responsável apenas por fazer escrituração ficou para trás. O burocrata absorto em uma pilha de papéis deu lugar ao gestor da informação. “O profissional está muito mais inserido no processo decisório da empresa, se configurando não só em um assessor fiscal e tributário”, analisa o coordenador da Comissão de Graduação em Ciências Contábeis e Atuariais (Cgatu) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), João Marcos da Rocha.
Para acompanhar as necessidades impostas pelo mercado de trabalho, o processo de formação de contadores passa por diversas modificações. Com o Brasil priorizando uma legislação societária em detrimento da legislação fiscal, os cursos tomam novos rumos. Há três anos, pelo menos, as universidades têm realizado alterações em seus currículos para se adaptar à nova realidade. Desde então, temas como administração e gestão de organizações e disciplinas práticas, que recorrem ao uso da tecnologia, tiveram seu espaço ampliado na grade de conteúdos. O mesmo ocorreu com a área de auditoria, visto que a audição dos negócios se configurou em mais uma tarefa a ser cumprida pelo contador.
O presidente da 6ª Seção Regional do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Sérgio Fioravanti, acredita que ainda não terminou a fase de adaptação dos cursos às reformas que atingiram a profissão. Segundo ele, ainda restam outros nós a serem desatados no ensino da contabilidade. “Solidificar nas grades curriculares o atendimento a todos os mais de 40 pronunciamentos técnicos editados no País nos últimos dois anos é o próximo desafio para os coordenadores”, garante.

O atual panorama contábil também criou perspectivas para os cursos de extensão. As demandas recentes estimulam a busca por aperfeiçoamento profissional. No entanto, o contador com ambição de retornar ao ambiente acadêmico esbarra na carência de mestrados e doutorados ligados à área no País. Apenas a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) disponibiliza mestrado em Ciências Contábeis, no Estado. Esse cenário é amenizado, em parte, pela vasta oferta de pós-graduações.

Mesmo com as instituições de ensino adaptadas ao padrão internacional de normas, há quem alerte para a existência de um conflito entre a legislação e as resoluções do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). “Alguns docentes não sabem o que dizer aos alunos. No momento em que as faculdades seguem à norma do conselho, os alunos vão perguntar ao professor se obedecem à lei ou a norma administrativa. A contabilidade está partindo para o campo da subjetividade”, lamenta Salézio Dagostim, especialista em finanças e professor da Escola Brasileira de Contabilidade (Ebracon).

sábado, 12 de março de 2011

Controladoria: Mercado de Trabalho

Controladoria muda e cria novas oportunidades
Texto de Mariana Celle

Com demanda 10% maior e incremento de até 20% na remuneração, controller se torna também gestor.
A demanda pelo profissional que assume a área de controladoria dentro das companhias aumentou 10% no ano passado, em relação a 2009. Enquanto a remuneração teve incremento de 15% a 20% na mesma base de comparação.
Os dados da consultoria internacional Michael Page revelam que o controller tem sido mais requisitado e que esta pode ser uma boa oportunidade para quem quer impulsionar seu plano de carreira na área.

A obrigatoriedade de adequação das empresas brasileiras de capital aberto ao padrão internacional de relatório financeiro (IRFS) tem sido uma das principais alavanca para a busca pelo profissional responsável pela área de controladoria, nos últimos anos. “Em dezembro de 2011, todos os balanços deverão ser baseados nas normas globais de contabilidade corporativa e as empresas começaram a se adaptar”, diz Fábio Frezzati, professor do MBA Controller da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi).

A aplicação das regras gerais abre o leque de oportunidades para o profissional, uma vez que isso permitirá que seu trabalho seja padronizado em qualquer outro país. Acredita-se que não haverá profissional suficiente no mercado, nos próximos anos, caso a demanda continue crescente.

“Um profissional leva de cinco a seis anos para estar pronto a assumir um posto de controller. É muito tempo se considerarmos um mercado com tanta procura”, diz Frezzati. O que também mudou em relação ao profissional responsável pela área de controladoria das empresas, foi o perfil. Atualmente, além da habilidade técnica em contabilidade, é função do controller dar condições para que a alta gerência e o conselho administrativo tomem decisões acertadas. “O controller acompanha onde se ganha e onde se perde dinheiro, por isso faz parte do seu trabalho conhecer profundamente os negócios ao apresentar os resultados da operação”, afirma Patrícia Gibin, diretora financeira da Fesa, consultoria em recursos humanos.

“As organizações se tornaram mais complexas, o controller passou a ser exposto a muitas pressões e foi se adaptando à uma visão mais ampla dos negócios”, diz Frezzati. Com as novas exigências, o controller deixou de ter a função apenas de coordenador e passou a ter o papel também de orientador das ações. “Hoje ele atua com gestão e planejamento”, afirma Nancy Assad, coordenadora de Comunicação da Fipecafi.

Planejamento

Eliza Figueiredo, diretora financeira da Zeebo Brasil, trabalha há 12 anos na área e, durante boa parte da sua carreira, foi controller de empresas multinacionais como a Claro e a Alcatel-Lucent, ambas do ramo de telecomunicações. “Com o tempo, o profissional da controladoria passou a ter uma visão mais analítica do futuro e se distanciar cada vez mais do contador, que continuou com a função de registrar o que havia acontecido”, afirma.
Planejar gastos, tributos, fazer projeção de lucros e de perdas são algumas das novas funções do controller, profissional agora mais estratégico dentro das companhias. “O controller deve saber dizer não, sem matar a criatividade das equipes para não inibir a inovação interna”, diz Patrícia, diretora da Fesa.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Resenha: A META


  Esta obra muito provavelmente seja a mais importante/forte crítica à tradicional contabilidade de Custos já realizada na literatura.
    Goldratt, um físico israelense, critíca ferozmente os tradicionais modelos contábeis, bem como a burocracia mantida na política e produção da empresa. O raciocínio de Goldratt baseia-se em explorar ao máximo as restrições do sistema.
  O livro, na verdade um "romance industrial", brinda os leitores com os dilemas do gerente Alex Rogo, tendo um acirrado prazo para mostrar resultados em um empreendimento industrial.
   A chamada "Teoria das Restrições" divulgada por esta obra, hoje é reconhecidamente uma forma de custeio utilizada em diversas empresas ao redor do mundo e seu potencial continua sendo explorado, inclusive em livros convencionais de contabilidade de custos.
  As empresas possuem restrições físicas e políticas, estas últimas sendo mais difíceis de corrigir que as primeiras.
  O elo mais fraco determina a força da corrente.

 Para o entendimento da "Meta" da empresa, a protagonista deixa de lado as medições tradicionais e burocráticas da contabilidade convencional e baseia-se em apenas três medidas: GANHO, INVENTÁRIO E DESPESA OPERACIONAL.

  Processo da Teoria das Restrições:
1) Identificar a(s) restrição(ões) do sistema;
2) Decidir como Explorar a(s) restrição(ões) do sistema;
3) Subordinar tudo o mais à decisão anterior;
4) Elevar a(s) restrição(ões) do sistema;
5) Cuidado!!!! Se em um passo anterior uma restrição tiver sido quebrada, volte ao passo 1, mas não deixe que a Inércia cause uma restrição no sistema.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Por Que as Demonstrações Contábeis estão cada vez maiores?

Quando analisamos uma demonstração contábil publicada há vinte anos percebemos que o número de páginas era muito reduzido. Existe claramente um aumento nesta quantidade. Michele Leder, em Financial Fine Print (Wiley, 2003) mostra que 1997 o número de páginas destinadas às notas explicativas era, em média, 14,85; em 2002 chegava a 28 páginas.
Quais as explicações para este aumento de páginas? Arrisco a listar algumas das razões, mas certamente existem mais motivos.
Em primeiro lugar é importante que se diga que nem tudo é informação realmente. Os marqueteiros das empresas descobriram que uma demonstração contábil deveria estar acompanhada de uma fotografia da natureza quando o relatório comentar os gastos ambientais. Antes das páginas sobre o desempenho, uma fotografia de um trabalhador sorridente e simpático torna mais palatável o resultado. E assim por diante. Estas fotografias tomam espaço e apesar de influenciar o usuário não representam informação. Mesmo assim, sabemos que isto não explica completamente o aumento no número de páginas.


Uma segunda explicação decorre da complexidade do mundo atual. Isto naturalmente gera uma necessidade de mais explicações sobre o que está ocorrendo com a empresa. Quanto mais complexa as relações econômicas, mais informações serão necessárias.


Uma terceira resposta possível é: “na dúvida publique”. Por um lado, as empresas, com medo de eventuais processos judiciais, preferem publicar informações, mesmo que não sejam relevantes. Não querem ser acusadas de esconder algo que poderia ser importante. Os reguladores, por outro lado, ao descobrirem uma área passível de litígio preferem exigir que todas as empresas façam a divulgação. Mesmo que restrita a um setor específico. É o “pecar pelo excesso”.


A quarta resposta possível para nossa pergunta diz respeito à associação entre quantidade de informação e qualidade da empresa. Associamos divulgação com menor risco, com melhor gestão financeira, maior profissionalização e maior retorno futuro, entre outros aspectos. Mas como medimos a quantidade de informação? Certamente o número de páginas do relatório é uma variável relevante. Isto parece muito com um aluno que acha que a qualidade do seu trabalho de final de curso é medida pelo número de páginas.


Em quinto lugar, mas não menos importante, as pessoas necessitam de emprego. Aquele funcionário do departamento de RI tem que pagar a conta da escola da sua filha. Qual a forma de mostrar que seu trabalho é importante? Mostrando que a cada ano são necessárias mais informações. Isto garante seu emprego e a escola da filha.
Finalmente, e também não menos importante, o aumento do número de páginas deve-se a duas funções dos computadores das empresas: “Control C” e “Control V”. Boa parte dos relatórios produzidos são cópias dos relatórios passados. (Uma orientanda minha, Ludmila Melo, mostrou que isto ocorre no Brasil, na sua dissertação de mestrado) Assim, quando uma empresa acrescenta uma informação, não se retira outra que já não é importante. Utiliza-se os dois comandos para manter aquilo que já foi dito.
Autor: Prof. Dr. César Augusto Tibúrcio Silva.

Contadores: Mercado Aquecido

Com aquecimento da economia brasileira, demanda por profissionais nas áreas contábil, fiscal e financeira é crescente


Fonte: O Globo, texto de Luciana Calaza (02/02/2011)
O aquecimento da economia brasileira e o consequente desenvolvimento de seu mercado de capitais estão fazendo crescer a demanda por profissionais das áreas contábil, fiscal e financeira. Novas empresas abrem capital na bolsa de valores por meio de IPOs (sigla em inglês de Oferta Pública Inicial) e aumentam os investimentos estrangeiros via aquisições de empresas. Ao abrir seu capital, a empresa precisa atender a novas e frequentes exigências dos órgãos reguladores e acionistas e, para isso, precisa contratar.

Adicionalmente, desde 2010, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central (BC) determinaram que empresas de capital aberto e bancos publiquem balanços consolidados rigorosamente de acordo com os Padrões Internacionais de Relatório Financeiro (International Financial Reporting Standards - IFRS), explica Patrício Roche, sócio da PricewaterhouseCoopers (PwC), rede mundial de firmas de assessoria tributária e empresarial e de auditoria.

- São práticas, em muitos aspectos, mais complexas e sofisticadas, o que exige um maior e mais bem preparado número de profissionais contábeis.

Os empregos, segundo os especialistas, estão em empresas de contabilidade e auditoria, que ano após ano aumentam a quantidade de contratações de profissionais dessas áreas, e ainda nas áreas de contabilidade, finanças e controladoria de qualquer empresa, não importa o setor no qual atue.

- Por causa dos grandes eventos que o Brasil sediará, empresas que estão de alguma forma envolvidas em infra-estrutura, construção, urbanismo, logística, transporte, armazenagem, setor de serviços, entretenimento e turismo e hotelaria devem concentrar a maior parte das concentrações - ressalta Vicente Picarelli Filho, sócio da Consultoria em Gestão de Capital Humano da Deloitte, rede mundial de firmas de serviços de auditoria, consultoria, assessoria financeira, gestão de riscos e consultoria tributária.

Além disso, lembra Patrício Roche, as empresas estão buscando um maior grau de governança corporativa:
- Assim, o mercado exige que profissionais sejam alocados a funções relacionadas a áreas de contabilidade, tributos, controles internos e cumprimento de normas ( compliance) em geral, etc, além de ampliar a participação em conselhos de administração e comitês de auditoria e de riscos - diz o sócio da PwC, que em 2011 contratará 650 trainees, o que representa aumento de cerca 25 % em relação a 2010.

Com o desenvolvimento das empresas, o papel da controladoria e da divisão de relacionamento com investidores e acionistas ganha novo contorno, observa José Luiz de Souza Gurgel, professor da Trevisan Escola de Negócios e sócio da BDO Brazil:

- Não menos relevante mencionar é a área de educação. O desenvolvimento das empresas brasileiras, com investimentos estrangeiros e adoção de práticas contábeis internacionais, traz uma imensa necessidade de treinamento do contingente de profissionais da área contábil e de finanças no país. Adicionalmente, temos observado um forte processo de consolidação da área educacional, inclusive com a entrada de players internacionais, o que contribui para o aumento de demanda desses profissionais para atuar na área acadêmica.

Além da graduação em contabilidade, para estar atualizado para o mercado, o profissional pode buscar cursos de extensão em finanças e gestão, além de participações em seminários, treinamentos e outros fóruns de discussões acerca de novas regras contábeis. Diversas entidades oferecem cursos regulares para tratar de temas específicos em contabilidade, entre elas, os Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs) e o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

IFRS - Empresas Evitam Atualizar Ativos

Apesar de a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ter recomendado fortemente que as companhias abertas brasileiras atualizassem o valor do seu ativo imobilizado em caso de distorção relevante, a maioria das empresas que já publicou o balanço conforme o padrão internacional IFRS optou por manter os números registrados até então. Entre aquelas que decidiram fazer as mudanças, tampouco houve um padrão, o que pode causar dúvidas para os investidores.



A mudança no valor de terrenos, prédios, máquinas e equipamentos tem basicamente duas consequências, sendo uma positiva e outra negativa. A parte boa é que o patrimônio líquido da companhia se eleva, o que melhora índices de endividamento, como dívida sobre o patrimônio. Do lado ruim, está o impacto que a atribuição de um novo custo para o ativo pode ter em termos de dividendos. Ao se elevar o valor dos bens do balanço, aumenta-se a despesa de depreciação registrada anualmente. Apesar de não ter efeito no fluxo de caixa, essa mudança reduz o lucro líquido societário, que é a base para distribuição de dividendos aos acionistas.
Segundo uma fonte do setor que pediu para não ser identificada, houve forte pressão dos investidores para que não houvesse a atribuição de novo custo por conta desse possível impacto nos dividendos. Reginaldo Alexandre, presidente da unidade paulista da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec-SP), admite que essa é uma preocupação dos acionistas, mas destaca que as companhias continuam com o mesmo potencial de distribuição de dividendos de antes, já que o caixa é o mesmo, e podem fazer ajustes para manter a remuneração.

"Mas pode haver empresa que paga o mínimo e que tenha intenção de diminuir o pagamento e que não fará esse ajuste. Talvez seja esse o problema que alguns acionistas eventualmente vejam", reconhece Alexandre, destacando ainda que, no caso de mudança no valor de terrenos, que não são depreciados, só há o efeito de elevação do patrimônio.

Embora a adoção da regra não seja obrigatória, assim como no IFRS, o órgão regulador brasileiro fez uma grande defesa da prática e exigiu uma explicação das companhias que decidirem não atribuir um novo custo para terrenos, imóveis e máquinas. "A empresa terá que dizer que considera que o valor registrado no balanço está próximo do valor justo. A explicação só pode ser essa", diz José Carlos Bezerra, gerente de normas contábeis da CVM, ressaltando que a autarquia sempre terá o poder de questionar essa avaliação. "Afirmar isso tem consequências."

Tendo em conta a amostra de cerca de 30 empresas entre as 100 maiores por receita que já adotaram o IFRS até o terceiro trimestre, a Ernst & Young Terco identificou apenas duas que fizeram algum tipo de atualização - Suzano Papel e Celulose e Klabin, com efeitos bilionários no patrimônio. "Esse é um sinal grande de que a tendência será não fazer", disse Paul Sutcliffe, sócio de auditoria da Ernst & Young. Fora desse grupo, a Cremer já informou em fato relevante que fará essa atualização. Na maior parte dos casos, somente olhando as notas explicativas é possível saber se houve ou não adoção.

A ocorrência de poucos casos até agora vai contra o senso comum que se tinha, antes do processo de convergência contábil, de que os valores dos bens do ativo imobilizado das companhias abertas brasileiras estariam desatualizados, uma vez que a prática mais recorrente no país era usar a tabela da Receita Federal, considerada levemente acelerada, para fazer a depreciação desses bens. Nessa tabela, um prédio passa a valer zero depois de 25 anos, máquinas e equipamentos duram de cinco a dez anos e um veículo perde todo seu valor em cinco anos.

É importante destacar que, ao contrário da possibilidade de reavaliação espontânea que existe para empresas de outros países que usam IFRS, essa é uma oportunidade única paras as companhias brasileiras aumentarem o valor do ativo e, consequentemente, do patrimônio líquido. Isso porque a Lei 11.638, de 2007, que introduziu o processo de convergência contábil, proibiu a reavaliação periódica de ativos.

"Ou faz no primeiro balanço ou não faz mais", destaca Adeildo Oliveira, sócio da Audicont e consultor da Consul Patrimonial, que destaca ainda que o efeito tributário da mudança é zero, por estar enquadrada dentro do Regime Tributário de Transição.

O fato de a medida ser facultativa já causa arrependimentos em alguns membros do CPC. Teme-se que isso dificulte a comparação dos demonstrativos entre empresas do mesmo setor - que era o objetivo inicial do processo de convergência contábil - ou que leve à prática comum quando a reavaliação era permitida: o uso da regra somente quando for conveniente.

O sócio-líder da área de IFRS da Deloitte, Bruce Mescher, discorda dessa avaliação. "A resposta de se fazer ou não (a atribuição de um novo custo) será dada caso a caso. Para aquelas que não estão fazendo, é porque as taxas usadas nos anos anteriores eram adequadas. As empresas estavam satisfeitas com a avaliação de que os valores de custo histórico refletem mesmo a realidade econômica desses bens", afirma o especialista.

Segundo Luciano Cunha, também sócio da Deloitte, o IFRS não tem como pretensão deixar todas as práticas contábeis iguais na data de partida, mas sim daquele momento em diante, no maior número de países possível. "No momento de transição sempre haverá legados de práticas contábeis antigas", explica.

Fonte: Valor Economico

domingo, 16 de janeiro de 2011

O que a Receita Ensina às Empresas

Texto de:  Robson de Azevedo em 01/13/2011


A verdadeira obsessão nacional pelos recordes e primazias encontra na atual sofisticação tecnológica das relações fisco-contribuinte um terreno fértil para se comemorar, mas também refletir. É que entramos na segunda década do Terceiro Milênio vivendo um paradoxo. De um lado, a gigantesca evolução na gestão tributária exercida sobre as empresas, em especial as pequenas e médias. De outro, a administração realizada por empreendedores brasileiros, boa parte estagnada por métodos adotados nos primórdios do século passado.


Em outras palavras, poucos gestores parecem ter percebido que o nosso país é protagonista do maior B2G (business-to-government) do planeta, representado por cerca de meio milhão de emissores de Notas Fiscais Eletrônicas e dois bilhões de operações mercantis já registradas dessa forma, abastecendo as autoridades tributárias com informação confiável e em tempo real. Tudo isso começou em 1991, com a chegada do programa de preenchimento do Imposto de Renda da Pessoa Física, cinco anos depois em ambiente Windows e, desde 1997, com transmissão via internet e sem a opção do formulário em papel a partir da próxima entrega, em abril deste ano.


Já entre as pessoas jurídicas, pode-se resumir décadas de evolução em siglas como Sintegra, Manad e Sped, habilmente orquestradas por um sistema de inteligência não por acaso batizado de Harpia, em alusão à mais poderosa ave de rapina do mundo, pródiga por sua velocidade e visão.


Voltando ao Brasil do presente, um contingente menor ainda de empresas compreende que todo esse universo, composto em geral por indústrias e atacadistas, mantém uma troca de informações, em formato também digital e padronizado, fruto da mesma base de dados daquilo que pode-se considerar o maior B2B (business-to-business) do mundo.


Em suma, o fisco brasileiro levou pouco mais de dez anos para pôr em prática todos os paradigmas do Novo Milênio: conhecimento, tecnologia e comportamento.


Ainda há muito trabalho a ser realizado nessa trajetória, e mesmo assim as autoridades fiscais hoje colhem os frutos de toda essa lavoura, expressos pelos sucessivos indicadores de eficiência na arrecadação. E o que dizer da outra ponta fundamental desse processo, as pequenas e médias empresas?


Ao contrário do fisco, que deu um salto de eficiência à altura da previsão de Peter Drucker sobre a prevalência do "I" sobre o "T" na escalada natural da Tecnologia da Informação (TI), a grande maioria delas limitou-se a substituir antigos processos manuais pelos informatizados. Embora agilizem a produtividade individual, poucos desses avanços correspondem em plenitude à "Revolução da Informação", igualmente preconizada pelo grande guru da gestão moderna.


Outra constatação intrigante: segundo o Relatório Symantec 2010 sobre Segurança da Informação nas Empresas, 49% das organizações latino-americanas foram alvo de algum tipo de ataque pela rede em 12 meses, e 48% das empresas brasileiras já perderam algum tipo de dado confidencial ou proprietário nos últimos meses em decorrência disso.


Imagine as proporções desse aspecto num contexto em que 100% dos documentos e livros fiscais em breve serão eletrônicos, com todas essas informações trafegando entre contribuintes e fisco, ficando depois armazenadas por pelo menos cinco anos.


Enfim, muito resta a ser feito para que as empresas entrem de fato no Terceiro Milênio, ainda que de forma tardia. Tecnologicamente obsoletas, elas precisam atuar na busca pelo conhecimento e no uso das novas tecnologias. Num cenário assim, cada minuto e centavo investido em capacitação deve ter aplicabilidade imediata, gerando valor ou reduzindo custos.


O grande mérito adicional desse ciclo virtuoso é ser a chave para a inclusão empreendedora de milhões de brasileiros, algo mais do que desejável e oportuno num país que, finalmente, parece ter se encontrado a verdadeira vocação de crescer de maneira sustentada e, consequentemente, duradoura.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

IRPF 2011 - Hora de reunir a papelada!

Texto de GEÓRGEA CHOUCAIR, publicado no Correio Braziliense em 11/01/2011
   Contribuintes organizados, que preparam a documentação com antecedência, podem acertar as contas primeiro. Assim, ficam na frente na fila da restituição

   Além das pesadas despesas comuns no início do ano, o período exige a atenção do contribuinte na hora de reunir a papelada para prestar contas à Receita Federal. Os especialistas em finanças pessoais alertam que quem quiser receber a restituição do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) 2011 (ano-base 2010) mais cedo deve se preparar e juntar os documentos para apresentar ao Fisco. Entre as principais mudanças na declaração deste ano, estão o fim do formulário em papel e o aumento do piso dos rendimentos tributáveis, que passou de R$ 17.215,08 em 2010 para R$ 22.487,25.


    Na hora de ajustar a fatura, os contribuintes homossexuais poderão incluir os parceiros na declaração, desde que seja reconhecida entre eles união estável, mesma regra utilizada para casais heterossexuais. A alteração foi permitida em 2010, mas, naquela ocasião, os interessados puderam apenas retificar os ajustes já entregues. O prazo para a entrega da prestação de contas vai de 1º de março até o último minuto de 29 de abril e o acerto deve ser feito por meio do Programa Gerador da Declaração (PGD), que estará disponível também a partir de março no site da Receita (www.receita.fazenda.gov.br).


   “É interessante que o contribuinte já comece a reunir os documentos necessários. A Receita está cada vez mais informatizada. Quando a pessoa vai fazer a declaração, é importante que grande parte das informações esteja em mãos”, afirma o vice-presidente da Associação Brasileira de Direito Tributário (Abradt), Janir Adir Moreira. Segundo ele, a maior parte das dúvidas é relativa à dedução de despesas e ganhos de capital. A estimativa da Receita é receber cerca de 24 milhões de declarações do IR relativas ao exercício de 2010. No ano passado, foram entregues 23,5 milhões de formulários.


   O presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, Domingos Orestes Chiomento, ressalta que as pessoas organizadas — e que antecipam o preparo da documentação necessária — levam vantagem. “É bom ir separando as receitas, recibos médicos, pagamento de previdência privada, doações e escolas. Para a declaração ficar correta, o contribuinte também pode fazer uma simulação do pagamento no programa gerador de declaração, no site da Receita”, diz Chiomento.




BRECHAS:


   Este ano, o Leão promete mais rigor em relação às despesas com saúde declaradas pelos contribuintes. Em fevereiro do ano passado, a instituição anunciou a criação da Declaração de Serviços Médicos (Dmed), que deverá ser entregue em 2011 pelas clínicas e demais estabelecimentos médicos. O documento vai descrever os serviços prestados pelas empresas e apontar os clientes atendidos. A intenção da Receita é cruzar os dados com os esclarecimentos prestados pelos usuários dos serviços, diminuindo as brechas para erros e fraudes.


  Quem for optar pelo modelo de declaração simplificado vai substituir as deduções previstas na legislação tributária pelo desconto de 20% do valor dos rendimentos tributáveis na declaração, limitado a R$ 13.317,09. Em 2010, esse valor era de R$ 12.743,63.


    Nos demais casos, os abatimentos com dependentes podem chegar a R$ 1.808,28 e a R$ 2.830,84 para os gastos com educação (ensino infantil, fundamental, médio, técnico e superior).


   Chiomento ressalta, no entanto, que a dedução com dependentes está defasada. “Se fosse levar em conta a inflação de 1995 até agora, esse valor seria de R$ 2.967,39”, afirma. Ele também questiona o fato de os medicamentos estarem fora dos abatimentos. “Os preços pagos pelos medicamentos são elevados e deveriam estar nas despesas”, diz. A tabela do IR, que desde 2007 é corrigida pela meta oficial de inflação (4,5%), deixou de ser alterada neste ano. A defasagem superava 64% desde 1995 e deve passar de 70%, segundo cálculos do Sindifisco Nacional.

   
FIQUE  ATENTO:



Regras para a declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) 2011 (ano base 2010)


» O prazo para a entrega da declaração de ajuste dos ganhos de 2010 vai de 1º de março a 29 de abril.


» As informações deverão ser enviadas pela internet, no site da Receita (www.receita.fazenda.gov.br), ou entregues em disquete, nas agências do Banco do Brasil ou Caixa Econômica Federal. Os formulários em papel não serão mais aceitos.


» Os dados devem ser preenchidos no Programa Gerador de Declaração do IRPF (PGD), cuja versão correspondente ao exercício 2010/2011 estará disponível no site da Receita a partir de 1º de março.


» São obrigados a apresentar o ajuste aqueles que tiveram rendimento acima de R$ 22.487,25 no ano passado.


» Também deve prestar contas quem encerrou o ano com patrimônio acima de R$ 300 mil.


» São isentos da tributação os que ganharam, no período, até R$ 17.989,80 (R$ 1.499,15 mensais). Para aqueles que somaram rendimentos acima deste montante e abaixo dos R$ 22.487,25, a declaração é opcional.


» Os contribuintes poderão deduzir até R$ 1.808,28 em despesas por dependente e R$ 2.830,84 em gastos com educação (ensino infantil, fundamental, médio, técnico e superior). Não há limite para os dispêndios com saúde.


» Se optar pelo desconto simplificado, o contribuinte poderá abater 20% do valor dos rendimentos tributáveis, limitado a R$ 13.317,09.


» Os empregadores devem entregar a declaração de rendimentos aos trabalhadores até 28 de fevereiro, mesma data final para o envio, pelos bancos, dos demonstrativos de movimentação financeira.


» A multa mínima para quem perder o prazo de entrega da declaração, que se encerra exatamente às 23h59m59s de 29 de abril, é de R$ 165,74, limitada a 20% do imposto devido.